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terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Inocência do Primeiro Amor




Você se lembra de um tal de Corey Haim ?

Se a resposta for afirmativa você possivelmente nasceu na década de 70. Seus filmes , “A Hora do Lobisomen”, “Sem licença para dirigir” , “Os Garotos Perdidos”. Junto com outro Corey, desta vez o Felman de “Conta Comigo”, “Os Goonies” e “sem licença para dirigir” ambos são parte do imaginário dos anos 80.

Mas é desse filme , hoje desconhecido, que pretendo falar, “A Inocência do primeiro amor”. Nele Corey é Lucas, um garoto de 13 ou 14 anos , frágil e inteligente que se apaixona por uma garota mais velha (uns 2 anos) que por sua vez está afim de um jogador de futebol, interpretado por Charlie Sheen. Voc~e já sabe o que vai dar essa quadrilha, mas é um dos raros filmes adolescentes da década que além de ser popular consegue ter personagens bem delineados e que não são tão superficiais. A história segue naturalmente e é difícil não se envolver com ela.

O filme , como o próprio título nacional já denuncia fala sobre esse bicho estranho que é o primeiro amor. Se os sintomas do amor todos já conhecem o que dizer desse específico, aquele que dá um novo sentido à vida. Aquele com que faz com que as pessoas conseguem compreender finalmente porque os mais “velhos” agem tão estupidamente. Aquele amor que , de tantos outros que vieram depois será lembrado para sempre.

Todos sabem o que é isso, até o mais insensível de todos, mesmo que este talvez tenha que parar para pensar, algo que embora difícil não é de todo impossível.
Três anos depois, em 1989 surgiu nos EUA uma série de TV que tratava dentre todos os temas da adolescência , especialmente deste primeiro amor . Todos conhecem “Anos Incríveis”, mesmo que alguns episódios. Nele, Kevin, outro adolescente tenta com (quase) todas as forças conseguir seu mais inestimável objeto dos desejos, a chatinha Winnie Cooper (ainda que não tão chata assim no começo).

Como já disse a Raposa , “O essencial é invisível aos olhos”. Existem por aí milhares de filmes falando desse grande desconhecido que é o Amor.

Outro filme obrigatório é o belíssimo “Verão de 42” (também chamado de “Houve uma vez um verão”) um clássico indiscutível sobre o tema, onde um jovem garoto descobre o amor e o sexo ao apaixonar-se por uma mulher mais velha, a lindíssima Jennifer O´Neill (nascida no Brasil) esposa de um soldado que foi para a Guerra. Este belo drama nostálgico é pontuado por uma trilha magnificamente triste. A cena da compra da “camisinha” é hilária.

O brasileiro “Houve uma vez dois verões” de Jorge Furtado é , como o próprio título denuncia, outra ode à inocência do primeiro amor. Assim como em “Verão de 42” é na praia em férias com a família que um jovem se apaixona por uma garota mais velha. O filme tem personagens bem trabalhados, coisa rara hoje em dia, ainda mais aqui no Brasil onde somos brindados diariamente com as malhações que a vida nos impõe.

Esses simpáticos Monstrinhos

Era mais uma daquelas típicas manhãs antes da escola. Como de costume estava indo passar na casa de um colega para irmos até a escola. No trajeto parei em uma banca de jornais que ficava quase em frente da casa dele e comprei um pacote fechado com três “gibis” em promoção. Um eu nem me recordo qual era. Outro era do “Falcon”, aquele mesmo da série Comandos em Ação. O terceiro era um álbum gigante com um nome esquisito que nunca tinha ouvido falar antes. Tratava da história de um garoto que ganhava do pai , no Natal, um bichinho esquisito e simpático, inteligente e que tinha a recomendação de não molhá-los à qualquer momento e de nunca deixar ele comer antes da meia-noite. Não é necessário dizer que as regras não foram bem seguidas. Tão pouco o nome desse Gibi.

Apenas algum tempo depois descobri que se tratava da novelização de um filme do mesmo nome. Dirigido por Joe Dante discípulo de Roger Corman e diretor de outros filmes que me marcara muito, Gritos de Horror e Explorers . Teve antes o “clássico” Piranhas campeão de reprises da Globo. Mas o filme, assim como Explorers tinha o dedo de Spilberg em boa parte da produção, assim como o alguns trabalhos posteriores do diretor, em episódio da série Amazing Stories (Boo) produzida também por Spilberg e “Viagem Insólita” uma grande aventura típica dos anos 80.

Infelizmente o diretor nunca mais acertou a mão, fazendo apenas a continuação desse sucesso aqui citado , o irregular “Amazonas na Lua” e a simpática comédia “Matinee” um belo filme , estrelado por um inspirado John Goodman e que homenageava suas origens.

O Futuro nunca mais foi o mesmo

Mais uma prova que Spilberg dominava o cinema dos anos 80. Tudo o que ele colocava a mão virava ouro. Não tirando o mérito de Robert Zemicks , que já provou ter talento o suficiente, mas o nome de Spilberg está impresso em cada cena dessa maravilhosa aventura futurista (ou seria nostálgica). Aliás foi com dois filmes de Zemicks (“Febre de Juventude” e “Carros Usados”) que Spilberg começou sua promissora carreira como produtor.

A história todos conhecem bem, nem vale a pena perder tempo com ela. Nem vale a pena ressaltar a importância que teve em minha infância já que isso também é chover no molhado. O filme marcou as carreiras de Michael J. Fox e Christopher Lloyd que nunca mais conseguiram fugir da imagem de seus personagens. E por mais reprises que tiveram nada conseguiu tirar o charme dessa saborosa aventura.

O final em aberto e com um berrante “continua” nos deixou esperando por longos 4 anos até que Zemicks nos brindou com uma dobradinha. A parte II e III foram filmados simultaneamente e estrearam no mesmo ano. Visto hoje em dia, essas continuações inferiores ao primeiro conseguem ser anos luz melhores que muito filme atualmente celebrados.

De Volta para o Futuro marcou demais os filmes do gênero “viagem no tempo”. Até hoje não surgiu nenhum que o superasse. Uma combinação perfeita de talentos, trilha sonora e efeitos especiais. Aliás é estranho perceber como não surgiram muitas trilhas originais marcantes e populares como estas desde os anos 80.

Zemicks provou ainda ser o mais talentoso dos amigos de Spilberg, tendo em seus currículo obras como “Tudo por uma esmeralda”, o inovador “Uma cilada para Roger Rabitt”, os divertidos “A morte lhe cai bem” e “Forrest Gump”, os ótimos “Contato” e “naufrago”, tendo errado a mão apenas em “Revelação”, meio que feito as pressas enquanto Tom Hanks perdia peso durante as filmagens de “O Naufrago”, em que o diretor corajosamente pausou as filmagens. Um filme menor que não arranha a credibilidade desse grande diretor que anda mais sumido do que devia.

Eu quero segurar a sua Mão




Eu quero te contar uma coisa e acho que você vai entender.

Trata-se da maior banda de todos os tempos, aquela que inspirou todas as outras e que reuniu os maiores compositores populares que se tem notícia, os Beatles, formados em sua mais famosa formação por John Winston Lennon, James Paul McCartney, Richard Starkey e George Harrison, este último ao meu entender o melhor deles.

Nasci bem depois da chamada “bitoumania”, aliás quando a banda nem mais existia. Não guardo muitas lembranças de quando eu era bem pequeno , mas curiosamente eu me lembro de estar assistindo televisão e ter visto a notícia da morte de John Lennon, assassinado por um fã em frente ao edifício onde morava. Ao perguntar ao meu pai de quem se tratava ele apenas respondeu “um tonto aí”. E essa foi minha primeira Beatle-recordação.
Anos depois na casa de uns vizinhos tive contato com 2 discos que foram bastantes importantes na minha formação , o duplo “Rock´n´Roll Music” e “The Oldies Beatles”, duas coletâneas dessa que nunca é demais repetir uma das maiores bandas do mundo. E assim desliguei minha mente , relaxei e flutuei com a correnteza. Hum, na verdade nessa época apenas me empolguei com aquele o som contagiante e ritimado de “Twist and Should” e afins.

O primeiro disco internacional que comprei na vida foi o bom e velho “Sgt Peppers” com aquela que é uma das maiores capas já feitas para um disco. Mas na época não dei tanta importância a este disco e somente muitos anos depois , já conhecendo a fama daquele bolachão é que pude finalmente compreender o que tinha em mãos (bem, antes tarde do que nunca).
Mas não é para falar dos Beatles que decidi escrever este texto. Pelo menos não diretamente. Escrevendo sobre Robert Zemicks me lembrei de seu primeiro filme e um daqueles que mais guardo carinho em minhas lembranças: “Febre de Juventude”. Você sabe, aquele em que durante a já dita Beatlemania, durante a famosa visita dos 4 rapazes de Liverpool na Grande Maçã, alguns fãs tentam desesperadamente conseguir assistir a apresentação deles no famoso programa do Ed Sullivan e consequentemente entrar em contato com a banda, invadindo o Hotel em que eles se hospedariam.

O filme é uma comédia jovem, leve e inocente mas com momentos antológicos como aquele em que o pai de um dos garotos tenta fazer com que ele corte os cabelos a todo custo, aquele em que a fã fica embaixo da cama dos rapazes enquanto eles entram no quarto e quando o outro tenta sabotar o programa de TV.

Outro filme que tenho boas recordações é “O Clube dos Cinco – Parte 2”. Na verdade uma produção australiana , cujo título original esqueci, mas que recebeu esse título oportunista devido a similaridade que existe com o filme de John Hughes. Trata-se da história de um pequeno grupo de fãs dos Beatles que, juntamente com um fã de Elvis Presley, ficam presos no porão de um prédio onde se encontram os Beatles. Lá , sem poderem conferir a apresentação do grupo logo mais não tem nada mais interessante a fazer do que fazer uma pequena sessão de psicanálise entre eles. Este filme é bem desconhecido, mas vale a pena procurar nessas locadoras antigas. Com sorte você pode achar em um canto empoeirado e esquecido, ou até mesmo com o selinho de “vende-se”. Eu já consegui a minha cópia.

E no final, o amor que você leva é igual ao que você faz. Ah.

Tudo por uma Esmeralda

Ok, descontemos o fato de ser mais uma daquelas cópias de Indiana Jones que proliferaram nos anos 80. O fato é que desta vez deu certo e ao contrario de alguns Quattermans da vida esse filme consegue conquistar seu público.
Esse foi um dos primeiros filmes que assisti no velho e bom Video-Cassete. Um dos 10 primeiros. Era o máximo que um garoto naquela época podia querer de um filme. Kathleen Turner se vê em uma furada ao chegar na Colombia para ajudar sua irmã. Já no começo do filme dá para sacar que nada vai ser tão fácil e rápido como ela pretendia. E piora ao encontrar Michael Douglas, um cínico India.., desculpe, aventureiro. Juntos eles se metem nas maiores enrascadas pela busca da esmeralda que dá título ao filme.
Como sempre herói e heroina não se dão bem no início, mas ninguém duvida que vai dar em romance. Aliás o título original do filme é “Romancing the stone”. E como tamanha qualidade não vem à toa , o filme é dirigido Pelo discípulo-mor de Spilberg, Robert Zemicks (De volta para o Futuro, Forrest Gump).

E como de praxe , se fez sucesso merece uma continuação. E como sempre inferior (salvo raríssimas excessões). Mas inferior naquela época significa que é superior a muita coisa considerada boa hoje em dia. E “”A jóia do Nilo” consegue entreter assim como sua primeira parte.
Kathleen e Michael agora estão casados. Ela, como escritora , acompanha um líder árabe de um país fictício para lhe fazer uma biografia. De repente ela se vê no meio de uma perigosa jogada política, que só poderá ser impedida se a tal jóia do Nilo for encontrada.
O filme foi filmado em 3 Continentes (África, América e Europa) . Se dessa vez O produtor Michal Douglas quis filmar no Marrocos para poder fugir de chuva, barro e mato, desta vez teve que agüentar um calor superior à 40º em algumas regiões. O filme desta vez não teve a direção segura de Zemicks, que aqui dá lugar para Lewis Teague do “clássico” Alligator – O jacaré Assassino, um dos cartazes máximos da TVS na década de 80. Teague também é conhecido pelos 2 filmes que fez baseado em Stephen King: “Cujo” e “Olhos de Gato” e de seriados de televisão como “Vegas” e “Barnaby Jones”. Depois da “Jóia” não fez mais nada de relevante, a não ser “A Liga da Justiça” em 1997, mais por causa das estatísticas de adaptações de quadrinhos do que pela qualidade (que é nula).
Em tempos de Sahara e de pessoas que comparam “A Múmia” como o novo Indiana Jones é bom perceber que bons filmes não se fazem apenas com efeitos de última geração.

O Homem das Estrelas

Houve uma época em que o nome de John Carpenter associado à uma película era sinônimo de qualidade. Era o Mídas dos filmes B, capaz de gerar lucros monstruosos com orçamentos baixíssimos (Halloween por exemplo custou algo em torno de 300 mil e rendeu mais de 50 milhões, lucro prá Spilberg nenhum botar defeito).
Esse anti-James Cameron se firmou como o mestre do suspense dos anos 80, com obras como “O Enigma do Outro Mundo”, “Fuga de Nova Iorque”, “Christine, o Carro Assassino”, “Os Aventureiros do Bairro Proibido”, o já citado “Halloween” (este do final da década de 70), exemplos bem conhecidos daqueles que nasceram entre 1965 e 1975 mais ou menos. Alías uma nova versão do seu cult “Assalto à 13ª DP” (ou “Trovão nas Ruas) estreou recentemente, dando continuidade a nova onda de reciclagem que assola Hollywood.
Um dos títulos que eu mais me recordo é “Starman”. Tudo bem que é uma cópia descarada de ET ou mesmo Contatos Imediatos de Spilberg, mas como todo garoto da época não podia deixar de me atrair pela história do alienígena (Jeff Bridges) que chega a Terra e assume as feições do marido recem-falecido da heroína Karen Allen. E os efeitos , o que mais interessavam era simplesmente ótimos (bem , para a época).
Starman é um daqueles típicos filmes dos anos 80. Hoje não é tão lembrado , mas com certeza é um daqueles filmes que pode trazer boas recordações para quem recorda dele, não se lembra direito dele ou até mesmo quem nunca o viu.
Revendo recentemente o filme demora um pouco à engrenar mas continua sempre interessante e prende a atenção em vários momentos. Uma boa sessão da tarde naquele domingão chuvoso. E se a nostalgia prevalecer nada como uma sessão dupla com “Splash”, já em que ambos os casos mostra o amor entre pessoas de, digamos, raças diferentes.
Uma curiosidade sobre esse “E.T. Romântico” é que a Columbia decidiu rejeitar o roteiro do “E.T.” pois achou “Starman” parecido e melhor. O diretor ia ser John Badham, mas Spilberg lançou seu filme antes e “Starman” ficou engavetado por um tempo pois diz-se que as semelhanças eram enormes. Algum tempo depois Carpenter assumiu o projeto, fez algumas modificações e o transformou nesse Love Story Interplanetário que hoje conhecemos.

Quando o Rock era a Estrela

Foi na década de 80 que as gravadoras brasileiras finalmente perceberam que o Rock, este estranho objeto de rebeldia pode ser muito bem capitalizado e se desvincular com a imagem da Jovem Guarda e ter novamente um lugar ao sol. Depois do sucesso do RPM e das bem sucedidas vendas da Blitz, Lulu Santos e da já veterana Rita Lee a segunda metade da década foi tomada pelo pop-rock que já ensaiava sua revolução alguns anos antes. Muita porcaria (a maioria) invadiu as rádios , mas alguma coisa boa se salvaria no meio, como os até hoje conhecidos IRA! , Ultraje à Rigor, Titãs, Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana, Lobão e até preciosidades menos conhecidas (e em alguns casos até melhores) como Zero, Hojerizah, Replicantes, Cascavelletes, De Falla, Picassos Falsos e muitos outros.

E o cinema também não podia deixar de capitalizar em cima dessa onda. Lael Rodrigues dirigiu dois “clássicos” desta época. O primeiro deles, o mais famoso é “Bete Balanço” de 1984. Roteiro que é bom nada, mas o filme é um delírio para os saudosistas. A história é aquele clichê de sempre, digno dos melhores filmes da Xuxa e da Carla Perez: Garota ingênua do interior vem para o Rio tentar sua carreira como cantora. Como o filme foi feito para adolescentes dos anos 80 o que não falta é sexo. Débora Bloch, a personagem principal transa tanto com Lauro Corona (lembra ?) e com a Maria Zilda. O elenco trás ainda Diogo Vilela, Hugo Carvana, Duse Nacarati, Arthur Muhlenberg e a verdadeira razão de ser desse texto, o rock nacional, aqui representados por (claro) Barão Vermelho (Na época com Cazuza), Lobão e os Ronaldos, Titãs, Brylho, Manhas e Manias (!) , Metralhatxeka (!!). Quem viveu essa época tem motivo de sobra para cultuar esse filme e quem sabe pensar duas vezes quando falar mal de algumas produções mais recentes.

O outro grande momento de Lael Rodrigues nos anos 80 foi “Rock Estrela” de 1985, novamente com Diogo Vilela (que roubava a cena no filme anterior) e com , Andréa Beltrão, Adriana Riemer, Gulherme Karam , Vera Mossa (!!!) e Leo Jaime e a estréia de Malu Mader nos cinemas. Conta a história de Rock , um rapaz do interior (já ouvi isso antes), estudante de música clássica que vai até o Rio morar com o primo, interpretado pelo roqueiro e orkuteiro Léo Jaime. Lá ele fica balançado entre a namoradinha de infância Malu Mader (incorporando vários esteriotípos da década) e a jogadora de Volei Vera.
É mais um caso de curiosidade do que de qualidade. Mas o desfile de bandas como Metrô, RPM, Tokio, o próprio Leo Jaíme garante uma olhada. E prá quem só conheceu do roqueiro Argentino Fito Paez no acústico do Titãs aqui terá uma boa surpresa. E não é só isso , tem também Celso Blues Boy, Os Melhores, La Torre , Vírus e É o Tcham (não, não é).
Ainda no final do século passado revendo uma fita do Rock in Rio II, de 1991, me surpreendi com as roupas que o público usava. Não me lembrava que a década de 80 perdurou até o começo de 92 mais ou menos. É das coisa que só conseguimos enxergar dado um tempo. Só com a chegada do Nirvana é que parece que a década mudou. Só não consigo ainda enxergar onde começa o novo século, já que a onda do momento é uma crise nostálgica sem tamanho da década de 80 que a mídia não se cansa de explorar. Mas tudo bem, em 2020 vamos poder relembrar desse começo de século, já que na década de 10 com certeza serão os anos 90 que estarão em voga.
Somos felizes e não sabemos.

Da série "Tosqueiras" que deveriamos esquecer mas não conseguimos : Comando para Matar

Este tem a fama daquilo que pior se fazia nos anos 80. Não sem razão, mas pelo menos o fato de ser pequeno à época me traz uma boa desculpa . Eu e muitos outros amigos curtiamos essa cópia descarada de Rambo e estrelada pelo aspirante a ator (até hoje) Arnold Schwarzenegger.

É daquele tipo de filme impossível de ser revisto hoje (pelo menos por aqueles que possuem um pouco de bom senso) , mas não há como deixar de esquecer dos absurdos que éramos expostos durante a busca do papai Arnold pela gostossíssima filha (atualmente, expliquemos bem) Alyssa Milano, raptada por terroristas que o querem forçar a tomar parte em uma missão. Coitado dos terroristas já que resolveram seqüestrar justamente a filha de um verdadeiro exércíto de um Homem só. A cena do avião é antológica, de tão absurda.

Era uma coisa de criança. Ninguém em sã consciência levaria um filme desses à sério. Era um época em que o cinema americano , devido ao sucesso de Rambo começou a apostar no exército de um homem só. Porém, se seu inspirador (e não tão menos ridículo) hoje entrou de vez para a Cultura pop, não ocorreu o mesmo com esse exemplar da história. Com Schwarzenegger porém a história é outra e nem vou perder tempo citando os sucessos (às vezes até justos) de sua carreira.

O tempo foi passando e até hoje se fazem comparações, de vez em quando a imprensa tenta vender um “novo Schwarzenegger” e tal. Mas sinceramente, precisamos de um novo Schwarzenegger ? Nem vou me dar ao trabalho de responder.

No comecinho da década de 90 (aquele período da história onde os 80 ainda não tinha acabado) Schwarzenegger tentou mostrar seu outro lado “mais sensível” e decidiu fazer comédias leves. Deu certo com “um tira no jardim da infância” (embora seja um filme mediocre) Mas afundou de vez com “Irmãos Gêmeos” (alguém deve ter achado interessante juntar ele com o comediante Danny DeVitto como irmãos). Depois resolveu investir de vez na Ação com Humor, que virou moda depois dos sucessos de “Duro de Matar” e “Máquina Mortífera”. Porém o que esperar de um ator em que o melhor papel seja o de um Andróide ?

E falando no Andróide, nada mais natural do que a volta ao papel de maior destaque de sua carreira. Só que o agora herói não quis mais fazer um vilão e fez com que ficasse agora do lado do bem. E surgiu então um dos maiores sucessos do cinema de aventura dos anos 90. Deixou de lado muitos dos conceitos originais da série mas investiu bem na ação e principalmente nos efeitos especiais que revolucionaram a indústria. São vistas cópias até hoje. Irônicamente até o terceiro exemplar da futurística série (feita mais de 10 anos depois) é um cópia descarada desse segundo filme. Se bem que se levarmos em conta de pelo menos se basear mais no conceito original da série (que foi esquecido no segundo) e esquecermos da mera cópia pode ser um produto mais bem acabado do que o tão famoso segundo, que aliás , se não fosse a revolução técnica da época já teria sido esquecido . E quem aguenta ouvir a já irritante “You could be Mine” berrada por Axl Rose ? (só um parentese: Enquanto ouver adolescente existira alguém ouvindo Guns).

Cansado das destruições em massa cinematográficas , Arnold resolveu dar um tempo e investir na destruição no campo real . O que começou como um piada há vários anos atrás se concretizou e ele deu seu primeiro passo na política e virou Governador da Califórnia. E se levarmos em conta os antecedentes americanos de eleger astros e a burrice reinante do povo em escolher seus líderes não tardará para que ele consiga seu melhor papel. Se bem que não temos muita moral também para falar nesse campo. Mas, bem , um fantoche a mais, outro à menos. Pelo menos esse tem carisma.

Ouvi dizer que ele fez uma rápida participação no remake de “A volta ao mundo em 80 dias” e em uma produção estrelada por aquele cara que a mídia tenta justamente vender como o “novo Schwarzenegger”, o, desculpe a redundância, The Rock (“a rocha” para os mais íntimos). Mas como ainda não passou na TV ainda não constatei o fato.

Algumas Frases para encher Linguiça

O cinema é uma arte híbrida. É composto de fotografias, musicas e também pela literatura. E Uma das delícias de qualquer cinéfilo são aquelas frases que ficam no imaginário popular como o “Hasta la Vista , Baby” do você sabe de onde, ao “Toque outra vez Sam” tão famosa quanto o filme a que deu origem. O problema dessa última é que ela nunca é dita em Casablanca.

Por isso (e como não tinha nada melhor para fazer) resolvi incluir aqui algumas frases interessantes e por vezes ditas em filmes nem tantos. Frases que, por vezes , até disfarçam um filme mediocre. Outras que fazem do mesmo um sucesso. E outras que somadas à outros fatores se tornaram clássicas.

Embora comece pela melhor delas, não é uma lista das melhores, apenas um apanhado geral que me veio à cabeça.

“Ninguém é Perfeito !” (Quanto mais quente melhor)

“Eu quero uma donna !!!” (Amarcord)

“Só há um tipo de amor que dura: o não correspondido” (Neblinas e Sombras)

“Eu posso ser o profeta da minha própria vida” (Lavoura Arcaica)

“O pior de se ficar velho é ficar lembrando de quando se era jovem” (História Real)

Peter Lorre : _ Você me despreza , não ?
Bogart : _Se eu pensasse em você, provavelmente” (Casablanca)

“Nós sempre teremos París” (Casablanca)

“Ele tem os olhos do pai !” (O Bebê de Rosemary)

“Eu acredito em Deus. O problema é se ele acredita em Mim” (Lolita)

“Fiz análise por toda minha vida, mas de nada adiantou. O meu psiquiatra fiou tão frustrado que abriu um Restaurante” (Hanna e suas Irmãs)

“Sabe qual a coisa mais inteligente que já saiu da boca de uma mulher ? O Pau do Eisntein” (O Estranho, de Soderberger)

Mia Farrow : _ Meus anos de católica terminaram quando fiz 16 anos
Blyhe Danner: _ Os meus foi quando minha mãe achou o meu diafragma” (Simplesmente Alice)

“Temos que criar um símbolo para nossos medos. E a isso chamamos de Deus” (O Sétimo Selo)

“Se eu fosse uma fazenda eu não teria cercas” (Gilda)

“Queriamos mudar o mundo, mas foi o mundo que nos mudou” (Nós que nos amávamos Tanto)

“O rico é solitário porque são poucos. Os pobre que são bastantes ficam juntos” (Nós que nos amávamos tanto)

“Sempre que ouço Wagner tenho vontade de invadir a Polônia” (Woody Allen)
Jose Wilker : _ Você é uma alienada ! Nem sabe o nome do ministro da Guerra”
Glória Píres: _ E para que é que eu preciso saber o nome desse fresco se a última guerra que tivemos aqui foi com o Paraguai ?
(Besame Mucho, de Mario Prata)

e por fim

“Você gosta de filmes porque é um expectador da Vida !” (Sonhos de um Sedutor)

Do Sucesso a Mediocridade

Uma das grandes sessões da Tarde dos Anos 80 foi o hoje quase desconhecido “Uma Noite de Aventuras” do então estreante Chris Columbus.

Não tão famoso como seus colegas Gremlins , Goonies e O Enigma da Pirâmide, essa noite de aventuras trás todo aquele clima nostálgico que só um típico representante dos anos 80 poderia nos oferecer.

À começar pela gatíssima Elizabeth Shue (De volta para o Futuro 2 e 3, Cocktail, Karatê Kid) como uma jovem Babá que , junto com seus “protegidos” ,envolve-se em várias confusões ao buscar sua amiga que está na rodoviária. A premissa é só uma desculpa para várias gags de humor.

É um filme fácil de se ver ou rever. Primeiro, por que (pelo menos para mim) não trazia maiores expectativas em relação ao filme. Segundo pelo nome do diretor que não dá para esperar muito. Mas a medida que o filme vai se desenrolando é difícil não se lembrar de algumas situações (como a da menina fã do Thor !).

Às vezes , em Holywood, um diretor pode ser apenas um mero fantoche. Ou quem sabe um operário como em uma fábrica qualquer. Não é à toa que Hollywood seja chamada como a Indústria de Cinema do Mundo (pelo menos em fama).

O caso do Chris Columbus é interessante. É mais uma das descobertas do Jovem Spilberg. Ele escreveu os roteiros dos já citados Goonies , Gremlins e O Enigma da Pirâmide. Tem talento, porém limitado. Assim como Andrew Niccol não deveria se aventurar tanto na direção. Se deu bem nos primeiros trabalhos como “Uma noite com o Rei do Rock” e “Esqueceram de Mim” (que tem o dedo do produtor Hughes) , mas foi se perdendo com a desnecessária sequência com o Macaulay Culkin, com o melosos “Uma Babá quase Perfeita” e “Lado à Lado” com os horrorosos “Nove Meses” e “Um Herói de Brinquedo” , além dos mediocres “Harry Potter” e “O Homem Bicentenário”.

Portanto boas idéias podem não render o suficiente em mãos erradas. Infelizmente o sucesso comercial de suas “aventuras” juvenís é que basta para que algum produtor o chame novamente para o comando de um novo trabalho. O melhor é mesmo ficar com a nostalgia e curtir sossegado numa tarde de chuva mais uma vez essa “noite de aventuras” e também se apaixonar por essa Babá, essa sim perfeita.


Original: Jornal Candeia - algum dia de 2004