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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Palhaço e a bailarina

A bailarina dança tão bem quanto mais só.
E o palhaço quer conquistá-la sorrindo.
Só não vê,
A sua graça não tem glamour.
Só não vê,
A dançarina já tem dono.
Borra a maquilagem pra amanhecer.
Descolore a roupa na solidão do espelho,
Delicadamente.
Mas mesmo assim ele quer ver o sol nascer,
Mesmo longe com saudade do amor.
Só não vê
A trapezista confessa seu nome
Jamais verá.
A trapezista só nasceu pra voar.
Voa, palhaço, voa no trapézio.
Dança, bailarina,
Esbanja, dono dela.

(Mula Manca e a Fabulosa Figura)

Milo Manara por Tutatis !

sábado, 23 de outubro de 2010

The Walking Dead




Finalmente chegou a adaptação para a telinha da HQ "The Walking Dead" de Robert Kirkman. A HQ ou Graphic Novel (como gostam os xiitas) está atualmente no número 70 e devido ao sucesso (cult, diga-se de passagem) e os ultimos sucessos em adaptações independentes era claro que a história sobre a busca do polícial Rick, sua familia e um grupo de pessoas pela sobrevivência em um mundo infectado de Zumbis não iria tardar para ganhar uma adaptação. A boa notícia é que não veio em forma de filme e sim de série, pelo canal AMC, o mesmo das ótimas Mad Men e Breaking Bad.

A HQ, bem violenta por sinal, começa assim como a série, cheia de clichês sobre os Mortos Vivos, mas quem acompanha a mesma e acredito ser o mesmo caminho a ser seguido pela série o importante são as relações entre os personagens e seus conflitos existênciais. A escolha de Frank Darabont como diretor do primeiro episódio(Um sonho de Liberdade, A Espera de um Milagre, O Nevoeiro, todos os três adaptações de livro de Stephen King) já é um indício disto. Mesmo assim, não deixa de ser incomodo a sensação de Deja vu inicial, principalmente o começo, chupado de "Extermínio" de Danny Boyle (culpa da HQ e não da série).

A primeira temporada terá somente 6 capitulos, mas a segunda já está garantida. O primeiro capitulo foi basicamente a apresentação de alguns personagens, indo um pouco além do primeiro número mas já alterando alguns pontos, e se adiantando em alguns pontos para que caiba melhor nos poucos capitulos da temporada. Alguns fãs da HQ (caras que sabem até detalhes irrelevantes da série mas que não costumam entender muito de cinema/TV) vão chiar com as modificações, mas são totalmente necessarias para um adaptação e também não faz sentido algum apenas filmar a HQ (Sin City se saiu bem nesse quesito, mas a proposta lá era outra). A cena da sala fechada do hospital ficou cinematograficamente bem melhor do que seria se fizessem como nos quadrinhos.

Claro que assim como todo filme de ficção, em Walking Dead é necessário boa parte de tolerância com relação a muitas coisas no roteiro, existem muita enrolação, e embora 78 edições pareça muito, o roteiro deve condensar bem essas histórias, sob o risco de enrolar. Tem edição que demora uns 3 meses para sair e você chega o absurdo de ler em menos de 5 minutos.

Há respeito das personagens existem algumas bem interessantes, muitos que vão surgindo durante o caminho, alguns forçados como Michonne (que deve aparecer ainda nessa temporada, ao menos no final, apesar de não estar listada no elenco). Michonne porém deve ser a mais popular para muitos leitores da HQ (não tenho muito saco de ficar lendo foruns e não tenho contato com leitores da série).

Dificil comentar sobre a série, para não soltar muitos detalhes sobre elas, mas acredito que, pelo ritmo desse primeiro episódio, a temporada deve acabar no comeco do arco da prisão (que demora até para aparecer na série). Mas ainda não dá para ter certeza do ritmo que ela vai tomar, os cortes e adaptações. Um exemplo é a respeito da relação de Rick com o amigo Shane que já no primeiro episódio dá pistas de onde vai chegar, o que na HQ chegou a se fazer um pouco de suspense, embora obvio, por algumas edições. Por outro lado, as séries da AMC costumam ser, assim como a HBO, de apenas 13 episódios, aos contrário dos mais de 20 das demais canais.

O certo é que os Zumbis, que já foram renegados ao underground do terror, estão no gosto popular já há um bom tempo, depois da repercussão do já citado "Exterminio" de Danny Boyle (Trainspotting, Quem quer ser um Milionário), da boa aceitação do remake de "Madrugada dos Mortos" dirigida pelo então estreante Zack Snyder ("Watchmen", "300" e possivelmente da continuação "Xerxes" e o novo Superman) e de outros filmes menores a explorar a temática, até mesmo no campo da comédia com o inglês "Shaum of the Dead" e o canadense "Fido". Ambos ótimos exemplos, diga-se de passagem.

Se você não conhece a série e se interessa por HQ pode baixar todas as ediçoes aqui e se você já viu o primeiro episódio deve estar esperando ansiosamente pelo segundo. De qualquer forma é melhor chamar o entregador de pizzas. Ele pode ajudar.

domingo, 10 de outubro de 2010

VIOLÊNCIA (Titãs)

Uma musica um pouco que desconhecida, mas de uma época que os Titãs faziam juz a fama que possuem e que me veio a mente depois de Tropa de Elite 2.




O movimento começou, o lixo fede nas calçadas.
Todo mundo circulando, as avenidas congestionadas.
O dia terminou, a violência continua.
Todo mundo provocando todo mundo nas ruas.

A violência está em todo lugar.
Não é por causa do álcool,
Nem é por causa das drogas.

A violência é nossa vizinha,
Não é só por culpa sua,
Nem é só por culpa minha.

Violência gera violência.

Violência doméstica, violência cotidiana,
São gemidos de dor, todo mundo se engana...

Você não tem o que fazer, saia pra rua,
Pra quebrar minha cabeça ou pra que quebrem a sua.

Violência gera violência.

Com os amigos que tenho não preciso inimigos.
Aí fora ninguém fala comigo.
Será que tudo está podre, será que todos estão vazios?
Não existe razão, nem existem motivos.

Não adianta suplicar porque ninguém responde,
Não adianta implorar, todo mundo se esconde.
É difícil acreditar que somos nós os culpados,
É mais fácil culpar deus ou então o diabo.

*``O crime é venerado e posto em uso por toda terra,
De um pólo a outro se imolam vidas humanas.
No reino de Zópito os pais degolam os próprios filhos,
Seja qual for o sexo, desde que sua cara não lhes agrade.
Os coreanos incham o corpo da vítima a custa de vinagre
E depois de estar assim inchado, matam-no a pauladas.
Os irmãos Morávios mandavam matar com cócegas''

* Fragmentos de "Dissertação do Papa sobre o crime seguido de orgia'' (Marquês de Sade)

Tropa de Elite


O primeiro Tropa de Elite foi acima de tudo um grande fenômeno cultural . O Capitão Nascimento, um dos grandes vilões do cinema nacional tornou se um icône pop, frases do filme viraram citações na boca do povo, e a péssima trilha sonora foi um sucesso. Portanto natural que o filme ganhasse uma continuação.

Particularmente não tinha muitas expectativas para essa continuação. Tropa de Elite parecia mais um piloto de seriado de TV e o recurso do Voice Over (ou narração em off), que me pareceu inserida apressadamente, atrapalhava demais o filme. Não acredito que o Cinema deva usar muito esse recurso. O Cinema tem outras maneiras de passar uma mensagem e sempre me pareceu meio que vagabundagem e subestima o publico o uso frequente deste tipo de narrativa.

Não que Tropa de Elite seja ruim. Ao contrário, é justamente um raro exemplar de cinema de ação feito no Brasil (bem feito acima de tudo e melhor que muito blockbuster americano) e apesar de violento, era divertido em muitos momentos e trazia acima de tudo grandes questões para reflexão, como a verdadeira função da policia e quem é o verdadeiro culpado pela violência que vemos na TV. O filme, apesar de tendencioso ao ser narrado pelo protagonista, não trazia muitas respostas. Nascimento, acreditava trazer as respostas, mas ia se afundando lentamente, demorando para cair a ficha,ignorando os sinais que seu corpo dava do que estava lhe acontecendo.


E eis que estreou o novo Tropa de Elite, um sucesso de público garantido. A continuação começa com uma estrutura de seriado com um pequena apresentação antes dos créditos iniciais (novamente com uma trilha sonora aquém das qualidades do filme) e o expectador se sente em casa.

Todavia, pode ser que esse novo Tropa de Elite não seja tão bem assimilado pelo grande público.Tem menos ação do que o esperado e traz um contexto político forte. Dito isso, Tropa de Elite 2 é um filmaço, anos-luz a frente do primeiro. José Padilha amadureceu seu discurso. Com as personagens principais devidamente apresentadas, deixa de lado as lenga-lengas e parte para a trama propriamente dita e nos entrega um filme empolgante e corajoso.

José Padilha coloca o dedo na ferida e atira para todos os lados. Os vilões são devidamente delineados e vão se revelando naturalmente no decorrer do filme. Contudo as personagens estão longe de ser unilaterais, são profundas. Alguns caricatos (André Matos que faz o Fortunato "Datena" é muito ruim pro papel. Se faz rir é por causa do texto, mas muito mal aproveitado).

Além de Wagner Moura, que agora começa como Tenente-Coronel,e está mais como um anti-herói quixotesco, André Ramiro (André Matias), Maria Ribeiro (Rosane, esposa de Nascimento) e Milhem Cortaz (Capitão Fábio) voltam aos seus papeis.

O elenco ganha ótimos acrescimos como Tainá Miller (Cão sem Dono) no papel, infelizmente pequeno, de uma jornalista , Sandro Rocha como Russo, o vilão da vez, o fraco Pedro Van-Held como Rafael, filho de Nascimento , Iradhir Santos como o ativista Fraga e Seu Jorge como o chefão Beirada (alias, ele devia deixar a musica de lado e se dedicar mais a carreira de ator).

Nascimento é uma personagem digna da trágédia grega. Seus atos o caminham para a fundo do poço desde o primeiro filme (onde termina abandonado e infeliz por suas escolhas) e aqui novamente demora a cair a ficha de que, a cada degrau que sobe na vida pública uma teia de ramificações e consequências cada vez mais dificeis de desfazer vão se formando. Ele é vítima de um sistema corrupto que o próprio acaba por fortalecer. Quando cai em sí pode ser tarde demais, mas o filme trás uma mensagem de esperança, ainda que dificil de identificar os verdadeiros culpados. E como já dizia Rauzito "você mata uma e vem outra em seu lugar".


Tropa de Elite 2 tem suas falhas, mas elas são atenuadas por um excelente roteiro, uma montagem primorosa e uma coragem que falta a muito cineasta brasileiro, que não deixa ninguém de fora de suas críticas, desde os intelectuais e ativistas, passando pelo jornalismo e culminando nos verdadeiros culpados, estes invisíveis e dificeis de indentificar. Mas difícil mesmo é prever o impacto que pode ter em mês que decidimos o futuro de nosso pais com as eleições presidenciais.

Enfim, um filme que apresenta várias perguntas e que faz o o expectador refletir. E de certa forma (principalmente nas palavras de Fraga acerca do simbolo do Bope) até atesta um pouco o que disse no post "O Brasil de todos nós".

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O Brasil de Todos Nós



Sylvester Stallone causou comoção na "Inteligência" twitteira ao fazer declarações sobre o Brasil durante a Comic-Con 2010, o maior festival Nerd do mundo. Stalone fez algumas piadas sobre o Brasil ser um país de extremos e que só pode filmar seu novo trabalho do jeito que queria por aqui. "Gravar no Brasil foi bom, pois pudemos matar pessoas, explodir tudo e eles (os brasileiros) dizem obrigado".

Exageros a parte da piada, o certo é que Stallone disse uma grande verdade. Me lembro de quando estava no colegial e tinha intercambio entre estudantes era incrivel a "puxasaquice" qdo vinha um americano por aqui. Fico imaginando o mesmo quando aparece um astro internacional.

Uma outra verdade que ele disse foi a respeito do Bope: "os policiais brasileiros usam camisetas com o desenho de uma caveira, duas armas e uma faca cravada no centro. já imaginou se a policia de Los Angeles usassem isso? Já mostra o quão problemático é aquele lugar". É aquela velha questão da função da policia. Infelizmente no País tem-se uma visão da polícia como repressão e não como segurança. E no Rio isso é uma realidade, e a publicidade em torno da mesma não desmente.

O Capitão Nascimento de Tropa de Elite foi um dos grandes anti-herois que o Cinema já produziu. Ironicamente, ele é considerado mais um heroi do que vilão pela grande parcela da população.

Falta civilidade e educação para o povo. E quando falo povo, não estou me referindo tão somente aos excluidos sociais ou o povo sofrido do Nordeste (segundo a candidata Dilma, aquele pais vizinho que faz fronteira com o Brasil). O Brasil possui uma parcela enorme de analfabetos funcionais, gente que aprendeu a ler e a escrever mas que não sabem interpretar um texto. E o pior, nossas faculdades estão cheias de gente assim. Basta dar uma olhada em redes sociais para ver também como os jovens "estudantes" cometem atrocidades com a lingua. As vezes, claro, é devido a erros de digitação devido a rapidez, mas uma olhada mais atenda dá para ver que na maioria é erro mesmo.

Me lembro de quando estudava, nos distantes anos 90 e se lá a coisa já estava perdida, imagino agora. Uma vez prestei um concurso e a prova de português estava ridiculamente fácil, quase nada de gramática, apenas simples análises de texto e perguntas obvias. Pensei que todos iriam gabaritar no quesito, mas incrivelmente muita gente saiu reclamando da dificuldade. Se a pergunta for "qual a cor do carro" e o texto for "O carro é vermelho." pelo menos 95% acertariam. Agora coloque o mesmo texto, sem mudar uma palavra no meio de um maior, com mais palavras, e pode ter certeza que menos de 50% ira acertar. E isso é fato.

Você ver um coitado que trabalha o dia inteiro ouvindo algo do tipo "Rebolation" no carro é até compreensivo, mas um colegial ou mesmo um cara prestando uma faculdade e ouvindo isso é de uma falta de cultura e de estudo assustadora. E o Brasil está cheio de pessoas assim. E são essas mesmas pessoas que elegem os governantes, não os coitados sem acesso a educação nas favelas e nas partes pobres do País, como muitos gostam de alardear.

Voltando ao assunto principal é incrivel como o brasileiro só se torna patriota quando vem um gringo falar mal ou mesmo em Copa do Mundo. E o pior é que é o tipo de pariotismo cego e burro. A Copa acabou, o Silvester já se foi (acabou pedindo desculpas, infelzmente) e seria ótimo que o brasileiro tivesse toda essa raça dos ignorantes que ficam ofendidos com pouca coisa, como no episódio dos Simpsons, que estão há mais de 20 anos ironizando os proprios americanos, mas quando vem fazer piada com o Brasil, aí não pode.

A ironia é é a arte de dizer uma coisa dizendo o contrario do que se deseja,e o problema é que ela exige um expectador inteligente ou mesmo de raciocinio rápido. Stallone, mais uma vez, só foi sincero do que se pensa e exagerou na sua piada (ou alguém realmente levou a sério quando ele diz que aqui pode explodir ou matar a vontade , por isso é que ele veio filmar aqui ? Bem, claro, houve muitos que levaram...).

Uma pena também que alqueles que realmente deveriam ler isso nunca terão a capacidade de ler tanto (talvez por isso coloquei essa conclusão no final, sempre tem quem consegue só ler o começo e o fim dos textos).
Bem, vou terminando por aqui que tenho que levar meu macaco pra passear. Até !

terça-feira, 25 de maio de 2010

Lost - Solução fácil com aura de Complicada


A menos que você não é desse planeta ou não freqüenta muito redes sociais com certeza você deve saber que finalmente terminou depois de seis anos a serie Lost.
Lost foi um marco das series televisivas. Antes dela somente Arquivo X e antes ainda Jornadas nas Estrelas teve o menos nível de comoção entre fãs. Acredito que essas citadas até mais, uma vez que Lost foi a primeira grande série da era Internet.

Enquanto Jornadas nas Estrelas foi um “fracasso” durante a exibição foi nas intermináveis reprises que se formou uma verdadeira legião de doentes pela serie, como nunca se viu. E Arquivo X foi a série que definiu muito do que veria a ser Lost e é impressionante o status Cult que conseguiu alcançar em uma época que a Internet era quase inexistente do modo que vemos hoje e um download do episódio era menos que um sonho.

Lembro-me de ter assistido o primeiro capitulo na estréia nacional, mas já sabia do ue se tratava devido às reportagens que já tratavam a série como um fenômeno e trazia como o Homem por trás de tudo J. J. Abrams, famoso pela série Alias, que embora não tenha alcançado o mínimo de repercussão de Lost foi o suficiente para saber da qualidade de suas produções. J. J. Foi um tanto quão decepcionante nas tentativas pós-Lost (Fringe, Missão Impossível 3), mas seu nome já está eternizado nos cânones cinematográficos.

Durante toda a primeira temporada, acompanhei semanalmente os capítulos pelo AXN. A série ainda ia caminhando a seu status com seus enigmas sendo apresentados e em um enredo mito bem construído, culminando num dos melhores finais de temporada que já tive o prazer de assistir com a escotilha sendo aberta. Nesta época tudo era especulação em Lost, a mitologia da serie ainda não estava definida, mas varias teorias foram se formando como a de que todos estariam mortos ou que tudo poderia ser uma experiência secreta, enfim, o inicio das teorias mirabolantes.



A segunda temporada comecei a assistir pelo AXN, mas naquela época já havia um grande atraso em relação ao intervalo de exibição com os EUA, o que favoreceu aos primeiros downloads de episódios que tive acesso, com as legendas em português feitas por fãs e que na época era algo inacreditável, nunca pensando na rapidez que tudo acontece hoje em dia. Não segui a temporada semanalmente, às vezes caia na minha mão cinco episódios seguidos. A segunda temporada, porém foi a melhor em minha exibição, com um primeiro episódio genial, começando com uma bela e esquecida musica (que se repetiu no começo da terceira temporada) e um final ainda mais enigmático que o primeiro, com um grupo de portugueses falando português brasileiro ao final (o ator era meio brasileiro, meio americano e residente nos EUA, por isso o sotaque. O pai dele brasileiro ainda ridicularizou seu sotaque). A mitologia estava avançando nesta fase.

Foi a terceira temporada que começou a queda de popularidade da série, com questões e questões sendo formuladas e respostas de menos. O navio de portugueses/brasileiros não era citado durante toda a temporada e a serie começava a esconder o jogo. Continuou com sua aura Cult (eu continuei amando a série), mas o grupo mais popular que conheceu a série pela TV aberta começou a debandar, embora fosse um sucesso quando chegava o Box nas locadoras.

Já nessa fase comecei a acompanhar os episódios na semana de exibição nos EUA. Começaram a aparecer as primeiras criticas desfavorável, mas a serie ainda mantinha o apelo do começo e finalizando novamente de forma magistral.
A partir da quarta temporada, porém foi se definindo que os primeiros episódios seriam ótimos, mas os do “meio” serviam para “encher lingüiça”, enrolando e não caminhando a passo de tartaruga. Um ou outro episódio se sobressaia, geralmente aquele que mostrava algo novo.

É ai que entra a maior armadilha de uma série como Lost e que foi também a de Arquivo X, para comparar. Arquivo X manteve uma mitologia sobre ETs e a busca de Mulder pela verdade do que teria acontecido com sua irmã, que era o ponto central da série, e que foi se arrastando até ficar totalmente inconvincente e no final pouco mais importava essa busca dele. De “A verdade está lá fora”, passou para um “que se foda a verdade” (a não ser fanáticos acho que perdeu totalmente o interesse). Arquivo X por outro lado apresentava em sua estrutura de episódios ao estilo CSI, onde você não precisa assistir a todos os episódios. Claro que existe uma linha continua de evolução dos personagens, mas o telespectador que cair de paraquedas no episódio não terá dificuldades em acompanhar (claro, já descontando os citados episódios da mitologia).

Lost por outro lado não permite isso. Se bem que dá pra imaginar um cara assistindo uma temporada por completo sem ter visto a anterior (uma vez que ele vai estar tão perdido como quem viu tudo e terá até menos duvidas).
Como manter um mistério por tantas temporadas? Lost caiu na armadilha de se alongar demais (afinal nenhuma rede de televisão iria querer matar sua galinha dos ovos de ouro). Os roteiristas sabiam desse risco, tanto que resolveram diminuir o numero de capitulos de cada temporada, ainda que não o suficiente. Se Lost optasse por responder todos os mistérios acabaria logo, e por outro lado ao fazer o que os roteiristas fizeram, de responder os mistérios com outro maior acabaram criando um samba do criolo doido de difícil amarração.

Saíram-se bem em algumas partes, tiveram a feliz opção de mudar o foco de cada temporada (viagem no Tempo, Experiências) até a fase mística que foi a ultima temporada, o que particularmente para mim foi frustrante.

Ao dar resposta sobre o motivo de todos estarem na ilha criou o personagem do Jacob. Para explicar o personagem do Jacob inventaram a “mãe” de Jacob e no fundo não respondendo nada. Algo como inventar um Deus para explicar a origem do Homem na Terra, mas sem ter que explicar de onde veio esse Deus. Ai cria a Fé para você parar de ter questionamentos pagãos.

Eu gosto de filmes como o de David Lynch. Acredito que uma história pode ser interessante mesmo sem uma explicação para tudo. É um tipo de cinema de emoções e não racional. Lost não necessitava explicar tudo para ser fascinante, poderia ter o final aberto (como teve naturalmente), mas para mim caiu na armadilha de querer explicar. Algo como em Star Wars, quando George Lucas resolveu explicar o que é a “força” e dar uma explicação ridícula e inútil (quem em sã consciência achava que era necessário explicar a “força”?). Uso como exemplo o Adão e Eva de Lost. Eu nunca achei importante a explicação de quem eles poderiam ser não achei ruim ter revelado, mas um episódio inteiro para chegar nisso foi um pouco demais. Ainda mais nos 45 minutos do segundo tempo quando existia tanta coisa para explicar. Se bem que os últimos capítulos beiraram a incoerência. Irritava um personagem tão poderoso como o falso Locke simplesmente não matar logo os escolhidos e no final começar a brigar com Jack e tentar matá-lo naquela altura do campeonato. Se ele podia porque não o fez antes? Lost caiu na armadilha de um final de novela, onde tudo acontece ao mesmo tempo, coisa que a própria estrutura da narrativa permitia o contrário. Parece coisa de novela das seis (e não to me referindo somente a “A Viagem”).

Tem aquele tipo de fã que ama a série como uma paixão por uma pessoa e se revolta com quem diz ao contrario, tem aquele que ama a série mas se decepcionou com o final e tem aquele que achou o final razoável e não espera muito mais do que aquilo e se deu satisfeito com o final apresentado.

Eu particularmente não gostei da ultima temporada, como já disse pelo lado místico que seguiu (tema que não me atrai), mas gostei de alguns episódios isolados e nessa altura do campeonato saberia que a série iria acabar em aberto. Se bem que achei que iria acabar mais em aberto, mas tentaram explicar demais o inexplicável e acabaram optando por uma solução fácil, ainda que dúbia.

O tipo geek e fanático ainda vai continuar acompanhando especulações e inventando teorias, correndo atrás de cada extra apresentado, mas o fato é que para analise final, o que importa é o que foi apresentado. Não me importa saber se eles morreram desde o inicio da série, ou se apenas depois dos episódios antes ditos como paralelos, mas apresentados no final como um futuro próximo (afinal o dialogo entre o Hugo e ben deixa claro que tudo aquilo se passa após a morte de jack na ilha). O que me importa é o que foi apresentado na série, como um todo e não ficar fuçando por ai atrás de teorias e especulações. Tem o fã que gostou do final, mas tem o que se decepcionou, mas tal como um marido traído se recusa a enxergar e admitir isso. Pode ser que com o tempo eu aceite tudo e por amor a série acabe me acostumando com tudo, mas inicialmente não gostei da ultima temporada.

E não tenho nada contra finais em aberto, como o de “Família Soprano” que adorei , pois deixa em aberto para novas continuações (alias, o final "Soprano" de Lost apesar de parodia foi infinitamente mais memorável)e nada contra finais fechados como o de “A sete Palmos”. Ambas as melhores séries que assisti.

Por fim, acredito piamente que Lost não acaba por ai. Talvez demore um pouco, mas duvido que não apareça algum complemento, seja um telefilme, seja uma nova série derivada. É muito dinheiro em jogo. O fato é que por enquanto acabou, e para mim sem criatividade nenhuma. Mas o conjunto compensa e...

domingo, 23 de maio de 2010

SEU CHICO (Virada Cultural - Araraquara)


A Banda Seu Chico era pra ser um projeto paralelo do pessoal da Banda Mula Manca & a Fabulosa Figura, porém o projeto tomou proporções maiores que o imaginado e a Mula Manca ficou em segundo plano, o que convenhamos é uma pena. Mas enquanto o Mula Manca permanece no Limbo de que um dia esperamos voltar.
Dito isso, vamos ao que interessa. A banda tem esse nome porque toca apenas musicas do Chico Buarque. Algo parecido com o projeto Del Rey, que revisa Roberto Carlos.

Chico Buarque sempre foi um compositor de mão cheia, otimo letrista, o melhor de seu trabalho é o da década de 60 e 70 onde ainda sob o manto da ditadura escrevia letras inteligentes diblando os censores, que a certo momento viam ataques ao governo até em letras que não tinham sentido politico. Chico porém , de voz limitada, nunca foi um grande vocalista, e hoje não possui mais uma grande presença de palco (ao contrário do belo show gravado junto com Caetano nos anos 70) , o que nos leva agora de volta ao Seu Chico.

A idéia por trás do Seu Chico é a de trazer o Chico Buarque para o ambiente jovem, para dançar. A Banda não é uma simples cover do trabalho do compositor, é antes que tudo uma banda autoral, dado os limites impostos. Formada por excelentes musicos, todos na faixa dos 20 a 30 anos, sendo o mais novo do grupo o jovem virtuose dos pianos, Vitor Araujo (que lançou o ótimo "Toc" que transita de Heitor Villa Lobos a Radiohead com uma desenvoltura surpreendente). Vale ressaltar que nesse caso, virtuoso não quer dizer chato e sem alma, como a palavra pode dar a entender.

Tive a chance de ver uma performance do Seu Chico em um pequeno evento realizando pelo governo na cidade de Jau, em um dia de frio atípico em Outubro, e que não contava com mais de 30 pessoas. A Banda estava mais introvertida, até por causa do vendo e do frio como o diminuto espaço do local, mas já demonstrava paixão no trabalho, com uma apresentação cheia de intervenções poéticas por parte do vocalista e várias explicações entre as musicas.

Porém foi na Virada Cultural realizada neste Domingo em Araraquara que pude ver a força da banda no palco. Tiberio Azul é um verdadeiro frontman. Sua performance é cheia de paixão e canta como se as musicas fosse escrita por ele proprio, demonstrando total conhecimento, subvertendo ordem de rimas e letras e hipnotizando o publico com seus gestuais, uma verdadeira transubstanciação das palavras de Chico. Pode parecer exagero, mas quem assitiu um show da Banda pode compreender o alcance dela.

Tiberio funciona ainda como uma espécie de maestro para a Banda, mas sempre passando a batuta e deixando seus companheiros livres no palco para improvisar e criar.

Quem já conhece Vitor Araujo já sabe da paixão que ele se entrega ao instrumento. Toca o piano ou teclado como se estivesse tocando uma bateria, transformando o som num turbilhão de emoções. No já citado show de Jau apresentou uma performance mais timida, ainda que de grande sensibilidade harmonica.

Infelizmente os shows da viradas são mais curtos que os normais e faltaram grandes canções como "João e Maria", "Hollywood" , "Não existe pecado...". E sem desmerecer as demias cançÕes vou citar aqui a derradeira, "Jorge Maravilha", gravada por Chico sobre a alcunha de Julinho da Adelaide, como forma de diblar a censura, e que aqui parece ter sido composta pela banda e talvez a razão de ser da mesma. Dificil explicar em palavras, mas foi o sentimento que me veio.

Voltando a comparação com o Chico, o que pode até desagradar os integrantes da banda, que negarão qualquer superioridade, agradeço a banda por apresentar arranjos e vocais tão apaixonados para a obra desse genial compositor, que mesmo se cercando de ótimos arranjadores, é somente na releitura dos garotos do Seu Chico que vi o grande alcance radiofônico e dançante das mesmas e não servindo como fundo musical de novelas de segunda categoria.

Não sei se Chico já viu algum show dos garotos, mas duvido que se tiver, não tenha se emocionado com a dimensão dada pelos novos arranjos. E quem sabe num futuro proximo não estejamos dançando ao som de Seu Chico numa Danceteria qualquer, ao invés de (nem prefiro citar).

João e Maria (introdução Amelie Poulan)

Logo disponibilizarei aqui alguns videos da apresentação em Araraquara.

VIRADA CULTURAL BAURU

PUBLICA

A virada Cultural que aconteceu neste sábado em Bauru começou bem, com uma das maiores promessas do Rock Nacional, a Pública. A banda, formada por Pedro Metz (Guitarra e voz), Guri Assis Brasil (Guitarra lider e vocais), João Amaro (Pianos e vocais), Cachaça (Bateria) e Guilherme Almeida (Baixo)trouxe para os palco Bauruense, montado no parque Vitória Régia, excelentes composições, coisa cada vez mais rara no pop nacional, como "Quarto das Armas", "1996" (a proxima a ganhar um clipe), a lírica "Sessão da Tarde", "Lugar Qualquer", "Tuas Fotos" e os hits undergrounds "Long Plays" e "Casa Abandonada".
O show porém foi comprometido por uma inflamação na garganta do vocalista Pedro Metz, que aqui foi auxiliado por Guri em várias canções. Este apresentou um momento marcante assumindo a voz solo na bela "Sessão da Tarde" (Somos crianças e queremos o poder. Sem medo do Amanhã. Queremos ser como vocês que não temem o Amanhã).\
O show em consequencia foi mais curto que o normal, com menos de 1 hora de duração e ficou de fora canções essenciais como "Vozes" e "Bicicletas" que exigem vocais mais bem cuidados.
De qualquer forma foi um belo show, com bom som e instrumentais inspirados que protagonizaram momentos antologicos, nesta que foi a segunda apresentação da banda na cidade (a primeira em 2004).
O segundo disco da banda "Como num filme sem fim" pode ser baixado por completo no site da banda http://www.publicaoficial.com

TOM ZÉ
foto pre-show durante a "entrevista" com o musico

O grande nome da noite porém foi do Tom Zé, realizado no SESC. Simpático o musico antes da apresentação já iniciou um papo com o publico, recordando de um show realizado na cidade ainda na época da ditadura, onde contou um "causo" que ocorreu na delegacia de policia onde teve que apresentar as musicas do show para que pudessem ser liberadas para a apresentação. Tom ensaiou com um publico 2 divertidos versinhos sobre o delegado de Bauru e a censura, compostos para a ocasião e que iriam encerrar o show.
Minutos depois já estava no palco com sua banda , formada pelos excelentes musicos Jarbas Mariz, Lauro Léllis e seu filho Renato, Daniel Maia, Cristina Caneiro e Luanda, para apresentacão do show "O Pirulito da Ciência", uma obra totalmente conceitual, uma espécie de teatro musical e dialogo com a platéia. A já citada musica sobre Bauru trazia um carater memorável na apresentação, que trouxe grandes classicos como "Nave Maria", "Fliperama" , "heim", e canções mais recentes como a simpática "Companheiro Bush".
O show seguia com seu ritmo peculiar de dialogo com o publico, todo já planejado como a dinamica do espetáculo, porém uma intervenção para um anuncio de um show a ser relizado na cidade começou a pintar um clima de desconforto do musico, que reclamou que isso atrapalhava o andamento da apresentação.
O desconforto foi aumentando quando o musico pediu educamente para que todos fizessem silencio durante a apresentação da já classica "Brigitte Bardot" , mas devido ao grande numero de pessoas presentes não foi totalmente atendido. O musico mostrou mais sinais de desconforto diante de alguns assovios, perdeu o controle e gritou com o grupo usando palavrões e continuou com o show, apresentando em seguida "Meninas da USP e da GV" .Porém o mesmo grupo continuou provocando o musico, gritando e chamando a atenção do cantor no palco. Ele disse que já havia ouvido o chamado, pediu novamente para poder continuar o show e que novamente parasse os assobios, ameaçando "Se vocês quiserem eu vou embora agora e o cara do "fiu fiu" pode continuar o show" .


Talvez diante do tipo de "informalidade" (porem totalmente planejada) do espetáculo não foi totalmente atendido e houve o stress entre o musico e o pequeno grupo, que fez com que Tom Zé abandonasse o palco junto com a banda.
O clima de desconforto era geral e o publico atônito não sabia se era sério ou fazia parte do show. Porém, o tempo foi mostrando que era sério e logo formavam-se coros para que o musico voltasse ao palco.
Após alguns longos minutos o musico voltou ao palco com a banda, ignorou algumas vaias e desta vez calado apresentou uma ultima musica, deixando de tocar grandes sucessos como "Augusta, Angelica e Consolação" , "São Paulo meu amor" , "Defeito 3: Politicar" , e o hilário "Jingle do Disco".
Se a grande maioria saiu chateada de ter o show iterrompido, por outro lado tivemos uma grande momento "João Gilberto" deste que é um dos grandes artista vivos da nossa MPB que anda tão cambaleante e merecia maior respeito.
Em tempo, muitas pessoas que não estavam lá estão criticando o publico de Bauru, mas fique claro que foi um pequeno grupo ao lado do palco que confrontou o musico e as vaias ocorreram no calor do momento porque muitos não concordaram com o abandono do palco, ou seja, cabeças quentes em cima e na frente do palco.
Tirar aquelas pessoas em especial não teria ajudado muito.Primeiro que era dificil prever a atitude do Tom, mas se prestar atenção no video completo (e tenho o resto da apresentação onde ouvia se boa parte do publico conversando, o que é normal num publico daquele tamanho num ginásio) , já no começo de Brigitte Bardot ele para devido ao barulho em geral do ginasio que continuou durante a musica toda o que deixou o Tom Zé nervoso. O cara do fiu-fiu foi apenas um infeliz que teve toda a ira do musico canalizada para ele, e como ele ainda insistiu em contin, uar a situação estava fadada a aquele fim, devido ao gênio do musico (e ainda mais velho, cada vez mais impaciente, o que é normal do ser humano).

Durante boa parte do show o Tom Zé deu pequenos sinais de irritação, mas devido ao tipo de show, totalmente preparado mas dando uma imagem de descontração e cumplicidade com a plateia, pouca gente percebeu.

No mais, quem não se interessava pelo musico achou ridicula a atitude , os que gostavam dividiram sua frustação, uns apoiando outros achando um absurdo.
Eu, apesar de tudo, entendo os motivos (afinal Tom Zé é humano e de cabeça quente perdeu a mesma) e gostei de participar de um show que sem duvida entrará para a história da musica. Se fosse apenas o mesmo show do DVD, que podemos ver em outros locais não seria tão lembrado por todos, principalmente por aqueles que nem sabiam quem o musico era. Algo parecido por ter estado naquele show da Cassia Eller no Rock'n 'Rio , que a transformou em noticia porque tinha mostrado os peitos em rede nacional (algo que ela já fazia há tempos, mas sem a mesma repercussão).
Valeu Tom Zé, e como tive a oportunidade de conversar com o musico antes e depois do show, me sinto ainda mais honrado de ter participado disso tudo.

foto pós show

O video de "Brigitte Bardot" e "Meninas da USP e GV" comp[leto com toda a confusão você pode baixar aqui


WANDER WILDNER

Outro grande momento da Virada de Bauru foi o show do musico Wander Wildner, ex-vocalista da clássica banda punk Replicantes. O Local escolhido para essa apresentação foi o inusitado Teatro Municipal, onde a plateia assistiu sentada um verdadeiro show de rock, que contava nas guitarras com outra lenda viva do rock nacional, Jimi Joe, autor da clássica "Sandina", que o publico pode apreciar no show, que contou ainda com outros clássicos do rock como "Amigo Punk" (Graforreia Xilarmonica) e "Lugar do Caralho" (Jupiter Maçã).

quarta-feira, 5 de maio de 2010

1..2...Freddy ataca novamente


Quando foi anunciado um novo filme da franquia "A Hora do Pesadelo" e que ele ignoraria os demais filmes da série, trazendo a história para uma nova geração, se esperava , além de zerar novamente a história, que o filme partisse da premissa de contar a origem de Freddy Krueger. Porém os roteiristas e produtores optaram para um simples remake.
Apesar de não seguir o roteiro original ao pé da letra, estão lá vários dos elementos do filme original (a primeira morte na cama, a parede "cuspindo" a personagem, a cena da banheira ao estilo "Tubarão" de Spilberg, a culpa do namorado pela morte da protagonista, a propria Nancy e outros detalhes que quem conhece a série vai reconhecer).
Existe 2 maneiras de se avaliar um remake. Uma é a comparação com o original e consequentemente com a série. O Outro é procurando ignorar o original e se concentrar na pelicula em si. Como a comparação com o original seria injusta, onde o novo perderia de lavada, optarei por evita-las, partindo da premissa de ser um filme novo.
O filme conta a história de Freddy Krueger, um ser que aterroriza os Sonhos dos adolescentes e os mata nos mesmos, não sem antes uma torturazinha psicológica basica. Freddie agora é representado pelo competente Jackie Earle Haley (dos ótimos "Pecados Intimos", "Watchmen" e "A ilha do Medo" do Scorcese). James compõe um Freddy mais sombrio e menos sarcastico que o antecessor Robert Englund (comparação necessária: Se por um lado, os fãs do original sentirão falta do sarcasmo do original, pelo menos a personagem passa longe do palhaço que virou nos demais filmes da franquia). Para quem conhece o original demora pra se acostumar com outro rosto como Freddy, mas passa.
Um segredo ronda a personagem de Freddie. Em meio à flashbacks ficamos sabendo porque o mesmo tem o corpo queimado e está assombrando os adolescente. Para os que já conhecem o original, nada de novo, a história é a mesma, apesar de algumas alterações. A Essência é a mesma.
O filme porém é repleto de clichês do gênero. Mesmo os adolescentes que ainda não tiveram contato com o original não demorarão para adiantar os sustos, que já são cacoetes frequentes no gênero.
A trilha sonora do filme procura usar elementos orquestrais e temos a grata surpresa de não ter que aguentar bandas impostas pelas gravadoras. Ótimo, o clima sai ganhando. Ponto positivo.
Se já foi dito que Freddy aqui está representado pelo ótimo Jackie Earle Haley, o mesmo não se pode dizer do resto do elenco. No começo, quando ainda não tinha certeza de se tratar de um remake quase literal, fiquei torcendo para que a heroina do filme não fosse aquela moça sem sal que acompanhamos. Felizmente não era.
Infelizmente, a Nancy, aqui representada pela desconhecida Rooney Mara, consegue ser ainda pior. Sem carisma algum, assim como os demais interpretes, fica dificil nos identificarmos ou mesmo torcer por eles. Claro que o filme é do Freddy, todos que vão assisti-los é por ele, mas a falta de uma personagem interessante faz com que o filme seja mais esquecível.
O filme tem também menos sangue do que era esperado. Pode ser uma decepção para os fãs do gore (esqueça veias sendo puxada e coisas do gênero), mas após a overdose causada por varios filmes recentes como a interminável série "Jogos Mortasi" isso até é bem vindo e atrairá outro publico, seja o de saudosistas , seja o de um publico menos restrito do que os adolescentes (não que o alvo principal não sejam eles, mas é bom lembrar que os fãs do original são em muitas vezes os pais destes).
A direção fica a cargo de Samuel Bayer, mais um diretor vindo do mundo da publicidade, e que felizmente se segura no ritmo frenético dos videoclipes, embora não traga nenhum plano interessante. "A Hora do Pesadelo" é um filme regular, mas que ao menos não dá a raiva de muitas produções recentes e embora seja assistível, é um filme totalmente esquecível. Espero que o inevitável #2 se liberte das amarras de ter que ficar dando explicação sobre os personagens e ouse mais na história. Se bem que a moda agora são as continuações "origem" e se não foi dessa vez pode ser a proxima.
Agora vou dormir. Coisa que o antigo fazia evitar, mas prometi não comparar os dois.

domingo, 2 de maio de 2010

Labirinto

Este é daqueles filmes que decepcionam quando visto atualmente, principalmente pela música anos 80 de David Bowie, o atrativo máximo do filme quando se tinha 10 ou 15 anos e que hoje soam datadas e sem inspiração. Basta ouvir qualquer coisa que o cantor tenha feito anteriormente e/ou atualmente para comprovar o mesmo. Quem sabe “Underground” se salva mas as outras lhe diminuem o impacto. “Magic Dance” beira o insuportável. Isso sem falar no visual de Bowie como o Rei dos Duendes (onde acharam aquela peruca !!).

Mas antes que me atirem as pedras, nem tudo é mal. Eu disse apenas que decepciona. O filme continua interessante, ainda mais se comparável com o que se faz hoje. Mas não gosto muito dessas comparações. O filme deve Ter atrativos por sí só, e não para tampar buracos. Os bonecos de Jim Henson (Muppets) são ótimos e o roteiro foi escrito por Terry Jones, um dos malucos do Monthy Phyton. Isso sem contar pelo menos 3 momentos brilhantes e inspirados. E claro, o principal motivo, que é a gracinha da Jennifer Connely, que hoje , depois de anos sumida virou uma grande atriz (Casa de Areia e Névoa, Réquiem para um Sonho, Águas Negras), ao contrário de muitos astros mirins.

E já que citei o nome de Henson, outro filme que me lembro com carinho é “O Cristal Encantado”. Na época era meio assustador. Hoje deve ser brincadeira de criança. Nem sei se desejo vê-lo novamente. Tenho o DVD na estante, mas o melhor deve ser conservar a magia e não fazer o que fiz com “Labirinto”.


(Algum dia de 2004)

O Céu

Ainda não me decidi qual é a minha idéia e Céu. Por ora seria em branco e preto. E ainda não sei se quem me receberia seria a Anita Ekberg ou a Gene Tierney.

Bogart estária no fundo, segurando um copo de bourbom, enquanto Dashiell acenaria, mostrando-me onde está. Depois de algumas doses, Fred MacMurray se junta à nós e as luzes se apagam. A banda de Glen Miller começa a tocar e o ambiente vai mudando, ficando mais glamuroso, a medida em que Lana Turner, Rita Hayworth, Mary Pickford, Ingrid Bergman fossem chegando.

Marlon Brando também estaria lá, mas os são os olhos dela que estariam direcionados à mim – uma tímida, porém sorridente Audrey Hepburn em um vestido preto e opulente. Ela aceitaria uma dança e como no maior clichê a música mudaria de ritmo e assim como Richard Beymer e Natalie Wood , só haveria nós no salão. E já que citei a Natalie...

Mas quem sabe o Céu também pode ser colorido, como o sol de verão, mulheres com franja na testa e lápis nos olhos. Uma Swinging London, habitada por criaturas como Vanessa Redgrave, Sarah Miles, Jane Birkin e Brigitte Bardot (mas não acredito, pelo menos por enquanto). Enfím, mutável.

De qualquer forma seria o Céu.


(Algum dia de 2001)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Michele encontrou

Michele, o que você vai fazer da sua vida ?
Michele . você se encontrou depois de se ver perdida ?
Michele, até onde tudo vai durar...

Michele , cante uma canção nova
Quando você vai perceber
que toda a ajuda que você precisa
vem de você ?

Seja como for
Você é livre para ser você
sem ninguém dizer o que amar
Sem medo de ser
aquilo que você pode ser

Beatles forever (Ok...é um tema batido eu sei)

REVOLUTION

Revolução



You say you want a revolutionVocê diz que você quer uma revolução
Well, you know Bem, você sabe..
We all want to change the world Todos nós queremos mudar o mundo


You tell me that it's evolutionVocê me diz que isso é uma evolução
Well, you know Bem, você sabe
We all want to change the world Todos nós queremos mudar o mundo


But when you talk about destructionMas quando você fala em destruição,
Don't you know you can count me out Você já sabe que não pode contar comigo


Don't you know it's gonna beNão sabe que vai acabar tudo bem?


(3x)Tudo bem
Alright tudo bem, tudo bem...


You say you got a real solutionVocê diz que você tem a solução real
Well, you know Bem, você sabe..
We'd all love to see the plan Todos nós adoraríamos ver o plano


You ask me for a contributionVocê me pede uma contribuição
Well you know Bem, já sabe..
We're all doing what we can Todos nós fazemos o que podemos


But if you want money for people with minds that hateMas se você quer o dinheiro para pessoas que só tem ódio na mente
All I can tell you is brother you have to wait Tudo o que posso dizer, irmão, você vai ter que esperar


Don't you know it's gonna beNão sabe que vai acabar tudo bem?


(3x)Tudo bem
Alright tudo bem, tudo bem...


You say you'll change the constitutionVocê diz que você mudará a constituição
Well, you know Bem, você sabe..
We'd all love to change your head Todos nós queremos mudar a sua cabeça


You tell me it's the institutionVocê me diz que isso é a instituição,
Well, you know Bem, você sabe..
You'd better free your mind instead É melhor você libertar sua mente


But if you go carrying pictures of Chairman MaoMas se você vai andar com fotos do camarada Mao
You ain't going to make it with anyone anyhow Também não vai convencer a ninguém


Don't you know it's gonna beNão sabe que vai acabar tudo bem?


(3x)Tudo bem
Alright tudo bem, tudo bem...


(8x)Ah, ah ah ah ah ah ah ah ah ah
Alright Tudo bem, tudo bem, tudo bem .


Idiossincrasia

Muito tempo atrás
Em um país distante daqui
Ela sorriu

Um sorriso irônico
Que todos tentam interpretá-lo
Como se houvesse mistério em um sorriso

Fragmentos

Às vezes o que ninguém
entende
é
mais belo
do que os olhos vêem

Vida

Eu sei que vou morrer
de vícios
que
eu
não
queria (ria)



21/09/1991

Tolos

Os tolos confessam seus pecados
Os tolos sentem-se abençoados
Os tolos possuem preconceitos
Pensam distinguir o certo do errado

Os tolos levantam-se as seis e meia
Os tolos vão à missa das seis
Os tolos guardam domingos e feriados
Os tolos seguem regras
Os tolos andam armados

Os tolos possuem inveja
Os tolos sentem ciúmes também
Os tolos pensam ser alguém
Os tolos transam não só pra ter nenem

Os tolos tem sonhos de consumo
Os tolos pensam no futuro
Os tolos tem passado negro
Os tolos desejam o mal sem saber

Os tolos levam-se pela aparência
Os tolos sentem peso na consciência
Os tolos andam em todo lugar
Os tolos não possuem religião

Os tolos dormem tarde
Os tolos acordam cedo
Os tolos bebem a noite toda
Os tolos são abstênicos

20 de janeiro de 1996

Estatuas

As Estatuas podem ser de madeira
As Estatuas podem ter pés de barro
As Estatuas podem ser de pedra
As Estátuas podem ser imagens no papel

E imagem não é nada

Estátuas podem ser de gesso
Estátuas podem ser só o começo
Estátuas podem ser forjadas
Estátuas podem ser de metal

Porque devemos ver
Para saber que existe

Estátuas podem ser do bem
Estátuas podem ser do mal
Estátuas podem ser referência
Estátuas podem ser mero enfeite

Eu não preciso ver sua foto
Para lembrar como a amei
Eu sei que você está aqui
Dentro do mey coração

Estátuas são tudo
Estátuas não sáo nada
Estátuas não são gente
Estátuas não são vida

Estátuas sáo estáticas

12 de outubro de 1995

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Salinger

Faleceu ontem o escritor J.D. Salinger , uma das maiores lendas literárias atuais, influência maxima em muitos filmes e musicas. Porém o mesmo sempre teve aversão a essas outras mídias e não aprovava adaptações a seu trabalho, ficando mesmo na citação. Os herdeiros por outro lado...só o tempo dirá.

Da mesma forma Salinger foi se distanciando cada vez mais do mundo. Não lança mais nada à décadas (quem sabe agora descobrimos algo novo) e vivia recluso. Se foi aos 91 anos de idade.

Salinger odiava a fama. Recusava entrevistas e não queria ao menos receber carta de fãs. Entrou na justiça alguas vezes contra biografias e pela ultima vez , contra uma "continuação" de seu "O Apanhador no Campo de Centeios", ano passado, com o personagem HoldenCaulfield aos 70 anos. Holden , que antes do Apanhador já tinha aparecido em um de seus contos.

Sua filha
Margaret Salinger , chegou a escrever um livro nesta década , "O Apanhador de Sonhos" onde descrevia sua relação com o pai como não muito , digamos, promissora, acusando-o de ser um homem desagradável e arrogante, entre outras acusações. A escritora Joyce Maynard, amante do escritor lançou também "Abandonada no Campo de Centeio" onde descreve sobre sua relação. Como pode se ver não bastavam pessoas querendo aparecer as custas do escritor. De qualquer forma são suas obras que ficarão. A vida pessoal só deve interessar a seus familiares. Deveria.

Outro personagem seu, Seynour Stein foi também letra de uma musica da banda escocêsa Belle and Sebastian. Salinger também está relacionado a musica por outro episódio , este polêmico. O assassino de John Lennon diz ter lido o livro que fez revelações profundas que o inspiraram a matar o ídolo.

Ainda vamos ver as repercussões de sua morte. Por enquanto um site conhecido de vendas pela internet já fez até um link para obras do escritor, em destaque na página principal. Mesmo não querendo, ele era Pop. E como dizia a Kleiderman em uma de suas musicas "Morte vende mais".

Por enquanto é só. Fiquem com a letra de "Seymour Stein"do Belle e Sebastian e uma pequena conversa que tive com um amigo hoje por MSN sobre o assunto.

Seymour Stein




Seymour Stein- I've been lonelySeymour Stein - eu tenho sido só
I caught a glimpse of someones face Eu peguei um vislumbre de alguma face
It was mine and I'd been crying Era a minha e eu tenho chorado


Half a world awayMetade de um mundo distante
Ticket for a plane Bilhete para um avião
Record company man Gravei o funcionário da companhia
I won't be coming to dinner Eu não virei jantar


My thoughts are far awayMeus pensamentos estão distantes
I'm working on that day Estou trabalhando este dia
North Country girl Garota de uma cidade no norte
1 think she's going to stay 1 Acreditei que ela iria permanecer


Promises of fame, promises of fortunePromessas de fama, Promessas de fortuna
LA to New York- San Francisco back to Boston LA para Nova Iorque São Francisco volto para Boston
Has he ever seen Dundee? Ele já viu Dundee?
Won't he hire a limousine? Ele não contratará uma limusine?
Seymour send her back to me Seymour da as costas pra mim






I heard dinner went wellEu o ouvi no jantar foi bom
You liked Chris's jacket Você gostou da jaqueta do Cris
He reminded you of Johnny Ele lembrou a você de Johnny
Before he went Electronic Antes dele ir aos Eletrônicos


Seymour Stein- sorry I missed youSeymour Stein - peço desculpas a você
Have a nice flight home Tenha um bom vôo para casa
It's a good day for flying É um bom dia para voar


MSN

Marcel diz:
Salinger faleceu.

luis gustavo diz:
o Eremita !
Marcel diz:

o depressivo

luis gustavo diz:
eu vi...
pena
mas fazia tempo que não escria mais...

quem sabe agora não sai um filme sobre o Apanhador....

Marcel diz:
há 4 décadas

luis gustavo diz:
ele sempre se recusava
agora herdeiros, vc sabe ....

Marcel diz:
um sueco tentou fazer a continuaçã o do livro sem sucesso

luis gustavo diz:
eu vi...mas não quis ler....
sei lá....continuação sem o autor....já basta as do cinema
Vc leu o apanhador ?

Marcel diz:
sim, realemtente

Marcel diz:
li pela metade

Marcel diz:
não acho nem um pouco inspirador para homicídios

Marcel diz:
descordo totalmetne disso

luis gustavo diz:
ah isso nem é...apenas o Chapman que interpretou do jeito dele que o John , sei lá , traiu aquele principio....
por ai

luis gustavo diz:
é um dos livros que melhor retratam aquela angustia da juventude....angustia aliada a arrogancia....

Marcel diz:
hummmm

luis gustavo diz:
de que sempre se está certo e que o mundo nao o compreende

Marcel diz:
não me aprofundei muito
deveria
mto bom
é fácil de ler
a leitura voa

luis gustavo diz:
e se vc ler a cada 5 anos vc vai ter uma intepretação diferente (ideia minha)

Marcel diz:
hummmm, pode ser
com mutios livros isso acontece
e com mutios filmes tb
não sei se consigo citar exemplos
mas, lembro de qdo eu escrevia, demorei anos e anos para ler algumas coisas que eu tinha escrito e pensei: "caramba, será que fui eu mesmo que escrevi isso? como pude?"

luis gustavo diz:
sim

Marcel diz:
consegue citar algum exemplo?
de livros lidos em épocas diferentes

luis gustavo diz:
não...até por que O Apanhador eu já li 3 vezes e pretendo ler mais...Foi um dos livros que mais me marcaram com 15 anos
Quem sabe Don Quixote ?
Mas acho que os classicos são assim mesmo.

Marcel diz:
sei, sim
talvez
dom casmurro...
mil e uma interpretações

luis gustavo diz:
O Apanhador tem uma linguagem simples e fala de temas banais...e consegue ser profundo em suas observações

Marcel diz:
hummmm

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Campeões de Bilheteria

Avatar é um grande filme, concordo, mas o "auê" em cima do fato dele estar em segundo lugar no raking das maiores bilheterias embora tenha arrecadado mais de 1 bilhão em menos de um mês deve-se mais ao fato de uma grande inflação nos EUA nos ultimos anos (agravado pela crise do ano passado) e aliado ao fato de que os preços computados envolverem na maioria (nos EUA) salas IMAX e/ou somente 3D (você vou o preço do filme nessas salas ?).

O sistema americano leva em conta o valor arrecadado (afinal lucro é a palavra chave em Hollywood) , mas se convertermos em número de pessoas o filme aparece lá atrás , depois da trigéssima posição.

A lista real atualizada de numero de expectadores continua em seu topo inalterada desde 1939 ano de lançamento do nosso primeiríssimo lugar. Titanic, do mesmo diretor de Avatar, James Cameron, este sim aparece entre os 10 primeiros.

01 : E o Vento Levou , 1,49 bilhões.

02: Guerra nas Estrelas, 1.31 bilhões

03: A Noviça Rebelde, 1.05 bilhões.

04: ET - O Extraterrestre ,1.04 bilhões .

05: Os Dez Mandamentos, 963 milhões .

06: Titanic, 943 milhões.

07: Tubarão, 41 milhões.

08: Doutor Jivago, 912 milhões.

09: O Exorcista, 813 milhões.

10: Branca de Neve e os Sete Anões, 801 milhões.
....
E no numero 33 (por enquanto) ai sim , Avatar.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Cinema Politico (Nada a ver com aquela bobagem de propaganda)

“Édipo não se cegou por culpa, mas por excesso de informação” (Foucault)



Em tempos de crise política é interessante notar como o cinema argentino consegue retratar as mazelas econômicas que assolam o páis de uma forma universal e criativa.


O primeiros desses filmes a fazer sucesso por aqui (e no resto do mundo) foi o divertido “9 rainhas”, que conta a história de dois trambiqueiros que se encontram por acaso e recebem por sorte do destino a chance de conseguirem uma “bolada”, vendendo uma série rara de selos (as 9 rainhas do título) para um colecionador em fuga do país (um deputado corrupto cheio da grana). Para o expectador mais atento está tudo aí: o modo de vida, os desejos e falta de ética de uma maioria da população, centrada nas duas figuras (não por acaso trambiqueiros simpáticos). De fundo , uma Argentina pré-crise. E é incrível constatar como a “européia” Argentina, aqui, se parece com o centro decadente de São Paulo.


Os americanos refilmaram “9 rainhas” , que por aqui teve o oportuno título de “171” . A história é a mesma, mas perdeu toda a inteligência e implicações políticas do original.


E enquanto os cineastas brasileiros ficam mendigando ajuda do governo a Argentina fez mais uma obra prima. Trata-se de “O Pântano” de Lucrécia Martel. Fez grande sucesso no circuito alternativo brasileiros e pode ser facilmente encontrado em DVD. É possivelmente o melhor título a pintar por aqui esse ano.

O “Pântano” é cinema político de primeira. Talvez não o típico filme político a que você esteja acostumando já que se trata de uma comédia. A primeira cena já diz ao que veio: Um grupo de pessoas . reunidas à beira de uma piscina imunda. Uma delas cai e se machuca enquanto ninguém faz nada para ajudar. As crianças (o futuro) parecem viver em um mundo à parte.


Em outra cena , estas mesmas crianças encontram uma vaca atolada no charco. A morte é iminente, não à nada a se fazer. Mais direto impossível. É uma síntese precisa de uma sociedade em crise e que guarda mais particularidades com a nossa do que aceitamos à acreditar.


Ambos os filmes são um ótimo retrato social e político, feito com inteligência e que está anos-luz á frente dos títulos alienantes que reinam nas prateleiras. Uma comédia caustica que se vista com um olho crítico e um mínimo de inteligência se transformará numa ótima lição sobre a natureza humana


A parte acima do texto foi escrita há um tempo em razão da crise na Argentina. Infelizmente se assemelha bem ao que o Brasil está passando. O clima de “eu já sabia” sobre os escândalos do Governo serve também para ilustrar o individualismo, a falta de ideologias e do posicionamento moral do povo brasileiro, melhor traduzido como o famoso “jeitinho brasileiro”.


Dois outros títulos interessantes, já não tão novos também mas igualmente imperdíveis são dois filmes alemães . O primeiro , “Adeus Lenin” conta a história de uma mulher, comunista ferrenha, que, momentos antes da derrubada do Muro de Berlin e da mudança de regime, entra em coma. Ao acordar o médico adverte ao filho que ela não pode ter grandes emoções devido ao seu estado. Assim, ele , como a ajuda de um amigo e do resto da família, escondem o fato dela e fazem de tudo para que ela pense viver no mesmo país de antes. O filme é gênial, irônico e crítico, sem ser chato e panfletário. O outro título é “Edukators” , sobre um grupo de jovens que entram em casas de ricaços enquanto estes viajam e “redecoram-a” a seu gosto.


Um que passou meio que desapercebido pelo grande publico é uma pequena pérola de Danny Boyle (Trainspotting, Extermínio, Quem quer ser um Milionário, Cova Rasa), “Caiu do céu” (Millions). O filme tem lá suas falhas mas é interessante acompanhar a história de dois garotos que perderam a mãe. O mais novo e suscetível deles interessa-se por Santos e vive isolado. Um dia , uma mala de dinheiro cai do céu. São pelo menos 300 mil libras e à poucos dias a moeda mudará para o Euro. O menino quer doar para os pobres, achando que é isso que Deus quer dele, mas seu irmão tem motivos bem menos nobres para o dinheiro. Enfim é o quadro social que o filme retrata o que mais interessa no momento. Não é o mais profundo dos filmes é interessante notar como os temas estão ligados;


Por fim, já que o assunto é política, com a recente morte de um dos maiores mitos jornalísticos dos últimos tempos, “garganta profunda” (que só nessa década foi revelada a verdadeira identidade), informante chave do caso Waltergate, o escândalo que causou a renúncia do Presidente Nixon, uma boa pedida é o filme “Todos os Homens do Presidente”, com Robert Redford e Dustin Hoffman. É antigo mas quem sabe com ele aprendamos alguma coisa sobre os homens do Presidente.

Molly Ringwald - A eterna garota que vestia Rosa

Molly quem ? você não deve estar associando o nome com a pessoa. Prova que o sucesso as vezes é passageiro, esta ruivinha de nome hoje desconhecido, foi um dos mais conhecidos dos anos 80. Seus filmes eram sucessos, assim como os da Kelly Lebroock (quem ?) e Darryl Hanna (que voltou com tudo em Kill Bill, e parou de novo ai mesmo).


Você com certeza conhece. É aquela ruivinha bonitinha de filmes adolescentes como “Clube dos Cinco” e a “Garota de Rosa Shocking”. Não se lembra ? Ei vocÊ nasceu depois de 1980, ou antes de 1970 ?

Fenômeno estranho este. Seus filmes foram febre em vídeo nos anos 80, a Globo passava constantemente e hoje quase ninguém lembra do seu nome.


Hollywood fabrica astros estantâneos, mas não cria mais mitos. James Dean é cultuado até hoje, com apenas 3 filmes no currículo e seu nome é conhecido de muitos que nunca viram um filme seu (a maioria). Tentaram fazer de River Phoenix um novo Dean , mas foi em vão. Hoje muitos não ouviram falar de seu nome.


Muitos nomes hoje conhecidos e procurados nas locadoras vão ser esquecidos nos próximos 10 anos. Os mais novos não sabem nem quem é Sandra Bullock e parece difícil de crer que seus filmes eram esperados ansiosamente há pouco tempo atrás.


Em tempo, Molly participou recentemente de alguns filmes, como de terror adolescente que nem vale a pena ser lembrado e em uma ponta antológica (para os poucos que se lembram dela) em outro filme esquecível (desta vez uma comédia boba).


É, Hollywood tem destas.

Furia de Titãs

Por coincidência, um outro texto que resolvi resgatar é sobre o cult "Furia de Titãs", que está anhando novo remake este ano (este eu tenho medo de ver).

Vale lembrar que na época que foi escrito o DVD estava engatinhando no Brasil, era um filme raro de se ver , não existia em VHS e já não passava mais na TV (a não ser naquelas madrugadas insones que as vezes nem ficávamos sabendo) .

Hoje o Filme existe em DVD e agora com o remake vai ser bem mais acessível.

A FÚRIA DOS DEUSES


Quem nasceu entre 1973 e 1977 deve lembrar-se de um filme chamado “Fúria de Titãs” (Clash of Titans). Não foi nenhum sucesso mas sem dúvida é um cult para quem assistiu as incontáveis reprises da “Sessão da Tarde” nos anos 80. E eu me deliciava com elas, sem reclamar, como acontece hoje com os que possuem paciência para encarar uma “sessão da tarde”.


Filme B por excelência e com o luxo de ter em seu elenco, atores como Laurence Olivier e Ursula Andress. Lembro-me com carinho das belas cenas, como a captura do Unicórnio (Pégassus), o duelo com a Medusa, o pântano do demônio, a travessia no barco dos mortos e até a mal feita corujinha de metal.


Nunca mais passou na Globo. Dificilmente você achará e, vídeo (mesmo saindo em DVD). Gravei-o na TNT em 1998 , mas eu até hoje ensaio o dia em que vou assistir a fita.)