Páginas

PESQUISE NESTE BLOG

sábado, 23 de outubro de 2010

The Walking Dead




Finalmente chegou a adaptação para a telinha da HQ "The Walking Dead" de Robert Kirkman. A HQ ou Graphic Novel (como gostam os xiitas) está atualmente no número 70 e devido ao sucesso (cult, diga-se de passagem) e os ultimos sucessos em adaptações independentes era claro que a história sobre a busca do polícial Rick, sua familia e um grupo de pessoas pela sobrevivência em um mundo infectado de Zumbis não iria tardar para ganhar uma adaptação. A boa notícia é que não veio em forma de filme e sim de série, pelo canal AMC, o mesmo das ótimas Mad Men e Breaking Bad.

A HQ, bem violenta por sinal, começa assim como a série, cheia de clichês sobre os Mortos Vivos, mas quem acompanha a mesma e acredito ser o mesmo caminho a ser seguido pela série o importante são as relações entre os personagens e seus conflitos existênciais. A escolha de Frank Darabont como diretor do primeiro episódio(Um sonho de Liberdade, A Espera de um Milagre, O Nevoeiro, todos os três adaptações de livro de Stephen King) já é um indício disto. Mesmo assim, não deixa de ser incomodo a sensação de Deja vu inicial, principalmente o começo, chupado de "Extermínio" de Danny Boyle (culpa da HQ e não da série).

A primeira temporada terá somente 6 capitulos, mas a segunda já está garantida. O primeiro capitulo foi basicamente a apresentação de alguns personagens, indo um pouco além do primeiro número mas já alterando alguns pontos, e se adiantando em alguns pontos para que caiba melhor nos poucos capitulos da temporada. Alguns fãs da HQ (caras que sabem até detalhes irrelevantes da série mas que não costumam entender muito de cinema/TV) vão chiar com as modificações, mas são totalmente necessarias para um adaptação e também não faz sentido algum apenas filmar a HQ (Sin City se saiu bem nesse quesito, mas a proposta lá era outra). A cena da sala fechada do hospital ficou cinematograficamente bem melhor do que seria se fizessem como nos quadrinhos.

Claro que assim como todo filme de ficção, em Walking Dead é necessário boa parte de tolerância com relação a muitas coisas no roteiro, existem muita enrolação, e embora 78 edições pareça muito, o roteiro deve condensar bem essas histórias, sob o risco de enrolar. Tem edição que demora uns 3 meses para sair e você chega o absurdo de ler em menos de 5 minutos.

Há respeito das personagens existem algumas bem interessantes, muitos que vão surgindo durante o caminho, alguns forçados como Michonne (que deve aparecer ainda nessa temporada, ao menos no final, apesar de não estar listada no elenco). Michonne porém deve ser a mais popular para muitos leitores da HQ (não tenho muito saco de ficar lendo foruns e não tenho contato com leitores da série).

Dificil comentar sobre a série, para não soltar muitos detalhes sobre elas, mas acredito que, pelo ritmo desse primeiro episódio, a temporada deve acabar no comeco do arco da prisão (que demora até para aparecer na série). Mas ainda não dá para ter certeza do ritmo que ela vai tomar, os cortes e adaptações. Um exemplo é a respeito da relação de Rick com o amigo Shane que já no primeiro episódio dá pistas de onde vai chegar, o que na HQ chegou a se fazer um pouco de suspense, embora obvio, por algumas edições. Por outro lado, as séries da AMC costumam ser, assim como a HBO, de apenas 13 episódios, aos contrário dos mais de 20 das demais canais.

O certo é que os Zumbis, que já foram renegados ao underground do terror, estão no gosto popular já há um bom tempo, depois da repercussão do já citado "Exterminio" de Danny Boyle (Trainspotting, Quem quer ser um Milionário), da boa aceitação do remake de "Madrugada dos Mortos" dirigida pelo então estreante Zack Snyder ("Watchmen", "300" e possivelmente da continuação "Xerxes" e o novo Superman) e de outros filmes menores a explorar a temática, até mesmo no campo da comédia com o inglês "Shaum of the Dead" e o canadense "Fido". Ambos ótimos exemplos, diga-se de passagem.

Se você não conhece a série e se interessa por HQ pode baixar todas as ediçoes aqui e se você já viu o primeiro episódio deve estar esperando ansiosamente pelo segundo. De qualquer forma é melhor chamar o entregador de pizzas. Ele pode ajudar.

domingo, 10 de outubro de 2010

VIOLÊNCIA (Titãs)

Uma musica um pouco que desconhecida, mas de uma época que os Titãs faziam juz a fama que possuem e que me veio a mente depois de Tropa de Elite 2.




O movimento começou, o lixo fede nas calçadas.
Todo mundo circulando, as avenidas congestionadas.
O dia terminou, a violência continua.
Todo mundo provocando todo mundo nas ruas.

A violência está em todo lugar.
Não é por causa do álcool,
Nem é por causa das drogas.

A violência é nossa vizinha,
Não é só por culpa sua,
Nem é só por culpa minha.

Violência gera violência.

Violência doméstica, violência cotidiana,
São gemidos de dor, todo mundo se engana...

Você não tem o que fazer, saia pra rua,
Pra quebrar minha cabeça ou pra que quebrem a sua.

Violência gera violência.

Com os amigos que tenho não preciso inimigos.
Aí fora ninguém fala comigo.
Será que tudo está podre, será que todos estão vazios?
Não existe razão, nem existem motivos.

Não adianta suplicar porque ninguém responde,
Não adianta implorar, todo mundo se esconde.
É difícil acreditar que somos nós os culpados,
É mais fácil culpar deus ou então o diabo.

*``O crime é venerado e posto em uso por toda terra,
De um pólo a outro se imolam vidas humanas.
No reino de Zópito os pais degolam os próprios filhos,
Seja qual for o sexo, desde que sua cara não lhes agrade.
Os coreanos incham o corpo da vítima a custa de vinagre
E depois de estar assim inchado, matam-no a pauladas.
Os irmãos Morávios mandavam matar com cócegas''

* Fragmentos de "Dissertação do Papa sobre o crime seguido de orgia'' (Marquês de Sade)

Tropa de Elite


O primeiro Tropa de Elite foi acima de tudo um grande fenômeno cultural . O Capitão Nascimento, um dos grandes vilões do cinema nacional tornou se um icône pop, frases do filme viraram citações na boca do povo, e a péssima trilha sonora foi um sucesso. Portanto natural que o filme ganhasse uma continuação.

Particularmente não tinha muitas expectativas para essa continuação. Tropa de Elite parecia mais um piloto de seriado de TV e o recurso do Voice Over (ou narração em off), que me pareceu inserida apressadamente, atrapalhava demais o filme. Não acredito que o Cinema deva usar muito esse recurso. O Cinema tem outras maneiras de passar uma mensagem e sempre me pareceu meio que vagabundagem e subestima o publico o uso frequente deste tipo de narrativa.

Não que Tropa de Elite seja ruim. Ao contrário, é justamente um raro exemplar de cinema de ação feito no Brasil (bem feito acima de tudo e melhor que muito blockbuster americano) e apesar de violento, era divertido em muitos momentos e trazia acima de tudo grandes questões para reflexão, como a verdadeira função da policia e quem é o verdadeiro culpado pela violência que vemos na TV. O filme, apesar de tendencioso ao ser narrado pelo protagonista, não trazia muitas respostas. Nascimento, acreditava trazer as respostas, mas ia se afundando lentamente, demorando para cair a ficha,ignorando os sinais que seu corpo dava do que estava lhe acontecendo.


E eis que estreou o novo Tropa de Elite, um sucesso de público garantido. A continuação começa com uma estrutura de seriado com um pequena apresentação antes dos créditos iniciais (novamente com uma trilha sonora aquém das qualidades do filme) e o expectador se sente em casa.

Todavia, pode ser que esse novo Tropa de Elite não seja tão bem assimilado pelo grande público.Tem menos ação do que o esperado e traz um contexto político forte. Dito isso, Tropa de Elite 2 é um filmaço, anos-luz a frente do primeiro. José Padilha amadureceu seu discurso. Com as personagens principais devidamente apresentadas, deixa de lado as lenga-lengas e parte para a trama propriamente dita e nos entrega um filme empolgante e corajoso.

José Padilha coloca o dedo na ferida e atira para todos os lados. Os vilões são devidamente delineados e vão se revelando naturalmente no decorrer do filme. Contudo as personagens estão longe de ser unilaterais, são profundas. Alguns caricatos (André Matos que faz o Fortunato "Datena" é muito ruim pro papel. Se faz rir é por causa do texto, mas muito mal aproveitado).

Além de Wagner Moura, que agora começa como Tenente-Coronel,e está mais como um anti-herói quixotesco, André Ramiro (André Matias), Maria Ribeiro (Rosane, esposa de Nascimento) e Milhem Cortaz (Capitão Fábio) voltam aos seus papeis.

O elenco ganha ótimos acrescimos como Tainá Miller (Cão sem Dono) no papel, infelizmente pequeno, de uma jornalista , Sandro Rocha como Russo, o vilão da vez, o fraco Pedro Van-Held como Rafael, filho de Nascimento , Iradhir Santos como o ativista Fraga e Seu Jorge como o chefão Beirada (alias, ele devia deixar a musica de lado e se dedicar mais a carreira de ator).

Nascimento é uma personagem digna da trágédia grega. Seus atos o caminham para a fundo do poço desde o primeiro filme (onde termina abandonado e infeliz por suas escolhas) e aqui novamente demora a cair a ficha de que, a cada degrau que sobe na vida pública uma teia de ramificações e consequências cada vez mais dificeis de desfazer vão se formando. Ele é vítima de um sistema corrupto que o próprio acaba por fortalecer. Quando cai em sí pode ser tarde demais, mas o filme trás uma mensagem de esperança, ainda que dificil de identificar os verdadeiros culpados. E como já dizia Rauzito "você mata uma e vem outra em seu lugar".


Tropa de Elite 2 tem suas falhas, mas elas são atenuadas por um excelente roteiro, uma montagem primorosa e uma coragem que falta a muito cineasta brasileiro, que não deixa ninguém de fora de suas críticas, desde os intelectuais e ativistas, passando pelo jornalismo e culminando nos verdadeiros culpados, estes invisíveis e dificeis de indentificar. Mas difícil mesmo é prever o impacto que pode ter em mês que decidimos o futuro de nosso pais com as eleições presidenciais.

Enfim, um filme que apresenta várias perguntas e que faz o o expectador refletir. E de certa forma (principalmente nas palavras de Fraga acerca do simbolo do Bope) até atesta um pouco o que disse no post "O Brasil de todos nós".